O que os livros fizeram por você?

Nós sabemos que para uns, os livros são uma fuga. Para outros, apenas um passatempo. Existem até pessoas que tem os livros como seus meios de sustento. A minha tarefa de hoje é dizer o que os livros fizeram por mim.

Imaginem uma sala de aula conturbada, com aproximadamente trinta alunos de onze anos gritando, berrando e jogando bolinhas de papel um nos outros. Em suas faces, a adrenalina de liberar energia em meio a uma instituição séria de modo inusitado. Mas nem todos são assim. Entre eles, apenas uma aluna está quieta, encostada com a carteira à parede e com os braços em volta de um exemplar de Fala Sério, Mãe!, da autora nacional Thalita Rebouças. Ela não se importa com o tiroteio de bolinhas de papel que acontece à sua volta, nem com o inferno que estava acontecendo na sala de aula, pois apenas seu corpo se encontrava presente ali. A mente? Na companhia dos personagens criados pela autora.

Sempre fui muito ligada à leitura, desde bebê. Nunca ia para o banho sem a companhia de meus livrinhos de borracha e toda semana, tinha que comprar pelo menos um gibi da Turma da Mônica na banca. Não vivia sem meus quadrinhos e meus contos de fadas. Eu me lembro claramente dos sonhos que eu tinha quando pequena: um príncipe vindo me resgatar do alto de uma torre. Soa cômico, não? Pois faz parte da primeira resposta à pergunta acima: os livros me deram a capacidade de sonhar, fantasiar alto, sem medo de cair. Sempre tive a imaginação mais fértil, o poder de alcançar as dimensões mais distantes e perpetuar a existência de cavaleiros encantados, princesas aprisionadas e dragões amaldiçoados. Ilusão? Pode ser. Mas tem vezes que tudo que a gente precisa é se afogar em nosso próprio mundo ilusório, fugir da realidade e ficar jogado na cama, apreciando uma leitura guardada apenas para nós mesmos.

O que me leva à segunda resposta para essa pergunta, meus livros também já me devolveram a esperança. Pense naquela colega chata, que fica te aporrinhando sem parar e insiste em expôr todos os seus defeitos aos outros colegas de turma. Aí você já está saturada de tanta gente te julgando por não ter um namorado aos doze anos (!!!) e no auge da sua desesperança, dá de cara com a história de uma menina comum como você que consegue driblar tudo isso com a ajuda de um pouco de autoconfiança extra e conseguir o que quer. Eu podia ter apenas doze anos, mas não era lá a garota mais confiante do mundo, e tinha o auxílio de algumas meninas - que hoje considero como um punhado de pirralhas mimadas e sem educação - para abaixar ainda mais o meu nível de amor próprio. Nível esse que foi aumentado por conta dessas autoras, cuja ocupação se resume a escrever histórias de mocinhas nerds que dão uma bicicleta na patricinha metida e salvam o mundo.

E que mocinha pode salvar o mundo, se não for tranquilona e super de bem com a vida? A positividade foi outra coisa que os meus livros me deram de presente. Havia quem dissesse que eu era uma pessoa amarga antes de ler Pollyanna, ao menos na escola. O fato de ter que acordar cinco e meia da manhã para enfrentar uma rotina entediante sob o calor do verão não me era nada encorajador. Mas o clássico juvenil me fez refletir e aproveitar mais os meus sorrisos do que antes, me abrir a novas possibilidades e perder o medo de me recolher e fazer novas amizades. Pasmem, essa mudança toda ocorreu no ano que praticamente acabamos de deixar, 2012. É claro que consegui muita coisa com tudo isso: um novo estoque de autoconfiança, novos amigos incríveis, força de vontade extra para fazer o blog crescer... E um bom humor constante, é claro!

Mas, acima de tudo, os meus livros me ajudaram a rever minhas prioridades e moldar a minha personalidade. Hoje em dia, muitas meninas na minha idade estão sendo influenciadas a atos que eu não considero corretos. É muito fácil você ver garotas de catorze anos com um decote maior do que a própria roupa e se rendendo às bebidas alcoólicas e às drogas. Todos os dias, eu agradeço a Deus por não estar nessa onda, e sei muito bem que o que me ajudou a centralizar minhas ideias e o que eu quero fazer da minha vida, foram os meus livros, além da boa educação que recebi dos meus pais, é claro.

É por isso que eu estou sempre recomendando às pessoas: leiam. Ler, além de te proporcionar uma bagagem cultural mais extensa, ampliar suas ideias e te transportar a universos fantásticos, pode te mudar como pessoa. Os livros carregam lições muito importantes, e não é à toa que elas estão ali. Pode ser que você não se apoie neles tanto quanto eu me apoiei, mas de alguma forma, eles vão te mudar, e é essa a mensagem que hoje eu deixo para vocês, leitores do blog.

Quem também participou:

Revista Innovative
Babi Lorentz
Magia Literária
Letras e Folhas
Café com Letras

Juh Claro
Parafraseando Livros