20/12/2013

Meia-noite



E lá eu estava, tamborilando meus dedos na mesa de madeira. O relógio do meu celular apitava quase dez horas, e nada dele. Já tinham me tirado para dançar e com o canto do olho, observei que um cavalheiro não parava de desferir olhares em minha direção. Repeliria o olhar com a rapidez de mil fadas madrinhas em serviço se soubesse quem era meu acompanhante, mas resolvi ignorá-lo, como toda boa moça acompanhada.

Balancei meus sapatos no ritmo da MPB que ecoava pelo salão, por baixo da mesa. Ao contrário do que vocês podem estar pensando, meus sapatos não eram feitos de cristal ou qualquer material semelhante. Pelo contrário, eu usava um par de scarpins pretos que ostentavam nada mais, nada menos que quinze centímetros de altura. Centímetros estes, que compensavam os meus míseros um metro e cinquenta e cinco.

Mas os sapatos e a minha baixa estatura deixaram de ter importância no momento em que meus olhos avistaram o vulto vermelho que entrava no salão. Ele tinha chegado. Passando a mão discretamente pelos cabelos castanhos bagunçados, ele se inclinava em direção à mesa que recepcionava todos os recém-chegados, prestando atenção em algo que uma moça de camisa vermelha e poá branco falava. De repente, as outras pessoas se fundiram em cores e formas abstratas.

Pausa, pode parar! Se você está mesmo achando que eu vou descrever um príncipe perfeito e mauricinho, feche isso aqui agora. Meninas e meninos, os príncipes ficaram no passado (desculpe, Harry). Estou prestes a iniciar a descrição de um perfeito - sim! - gentleman. Meus caros leitores, queiram saber que ao invés de um traje engomado, cintilante e cheio das purpurinas, o rapaz que fazia meu coração e infelizmente, o de várias damas correr uma maratona estava vestido com uma camisa vermelha, calça caqui branca e sapato social marrom claro. Seu sorriso era o brilho do salão, com dentes que, um pouco empurradinhos para frente, lhe proporcionavam um charme a mais.

O tal gentleman foi se aproximando de fininho, dando a volta por uma ou duas mesas até chegar a mim. A sensação era como estar em um carrinho de montanha-russa prestes a dar uma cambalhota completa, tudo isso só para levantar e ter o corpo envolvido por seu abraço apertado. Depois de desaparecer e reaparecer subitamente, ele voltou e me tirou para dançar, como dizem os mandamentos dos bons contos de fadas.

Mas deixa eu contar pra vocês sobre a coroa que eu estava usando! Antes, pó pará com essa ideia old fashioned. Como sou uma princesa fashion e a bela dama (quem falou em rainha? Século XXI, galera) está por dentro das tendências, a coroa pode ser encontrada dentre muitos outros pingentes da pulseirinha dourada com a qual ela me presenteou. Uma gracinha, fiquei apaixonada! Depois dessa breve troca de presentes, parti para a pista com meu acompanhante incrível.

Ressalto mais uma vez o quanto esse conto de fadas não é perfeito. Mas nem adianta fazer muxoxo, ó: perfeição é uma coisa tão sem graça! Quem imaginou que rodopiamos até a meia-noite no meio do salão se enganou redondamente. É certo que dançamos muito sob as luzes coloridas da pista de dança, mas rolaram umas três ou quatro pisadinhas no pé do meu darling no meio do processo. Que que foi? Meus pés foram feitos para sapatilhas de ponta, nada a ver com sandálias de salto, ora bolas! É claro que o queridinho teve que suar a camisa pra me dar umas aulinhas improvisadas. Mas posso revelar? Melhor que príncipe rodopiando princesa eternamente é gentleman dando aula na pista de dança. Puxa! Essa sim foi uma verdadeira demonstração de amor.

E como as palavrinhas que sussurramos um para o outro naquela noite pra lá de mágica vão ficar eternamente com a gente, só vou dizer a vocês que foram momentos muito felizes. Daqueles que roubam uma lagriminha do cantinho do olho, pode acreditar. Só que como eu estou contando uma historinha digna de conto de fadas, ela tem que terminar à meia-noite. É de praxe, vocês já sabem. Meia-noite é um horário tão digno! Não é old fashioned, brega, cafona ou qualquer outro dizer. Meia-noite é top, o tipo de hora que sempre vai ser especial. Seja pra realizar pedido, comemorar ano novo, natal, aniversário ou outras coisinhas.

E foi justamente por isso que à meia-noite, quando o baile terminou, tivemos de nos despedir. E eu fui embora mesmo, porque fiquei com medo do carro da minha mãe se transformar em uma abóbora.



Texto por: Natalia Leal.


10 comentários:

Comentários
10 Comentários
  1. Você escreve muito bem, linda. Parabéns.
    Seguindo aqui.
    Beijos.
    http://guiadaescritora.blogspot.com.br/

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  2. lendo seu texto me fez lembrar de quando tinha 15 anos, nooooooossa ashaus você escreve bem, mas tem muito que evoluir ainda - palavra de quem já passou dessa fase kkk #mesentivelha

    ps; Natália indiquei teu blog pra uma tag especial, espero que goste <3

    http://pequenamiia.blogspot.com.br/2013/12/tag-11-coisas.html

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    1. Oi, Kah!

      Foi exatamente essa a intenção, quis fazer algo parecido com os textos da Thalita Rebouças, conhece? UAHEAIHEU <3

      Obrigada! A gente sempre tem que evoluir mais um pouco, né?

      Vou dar uma olhada na tag!

      Beijos,

      Natalia Leal

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  3. Respostas
    1. Oi, Naty!

      Obrigada, fico feliz que tenha gostado!

      Beijos,

      Natalia Leal

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  4. prontinho linda ja virei tua seguidora tbm, desculpa não ler o texto mas to na correria antes do baby acordar rss
    bjinhus
    www.misturasdafabi.blogspot.com.br

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    1. Oi, Fabi!

      Sem problema, muito obrigada por seguir o blog ;)

      Beijos,

      Natalia Leal

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  5. Oi, indiquei você em um desafio literário no meu blog!!! http://booksandotherlittlethings.blogspot.com.br/2013/12/desafio-literario.html

    Adoraria que você participasse, é só ler e fazer um post parecido com o meu no seu blog!! Beijos

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    1. Oi, Nathália!

      Muito obrigada pela indicação!

      Beijos,

      Natalia Leal

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