31/10/2013

[Resenha] Até Eu te Encontrar



Autor: Graciela Mayrink

Editora: Novo Conceito

Páginas: 382

Preço: 24,83 na Saraiva

Velocidade da leitura: Rápida - Média - Demorada

Ano: 2013











Sinopse: O quanto uma mudança de cidade pode afetar uma vida? Você acredita em alma gêmea? Como você se sentiria se não gostasse do grande amor da sua vida? É o que Flávia vai descobrir ao deixar Lavras, onde mora com os tios desde o acidente que matou seus pais, quando era criança. Aos dezoito anos, ela decide estudar Agronomia na Universidade Federal de Viçosa, trocando o sul de Minas pela Zona da Mata do mesmo Estado na esperança de uma "mudança de ares". Em sua nova vida, ela conhece Sônia, amiga de infância de sua mãe e agora sua vizinha, que lhe conta a história de sua família materna, até então desconhecida para Flávia. Embora o passado não seja sua maior preocupação, Flávia reluta em aceitar seu destino e ainda precisa superar uma paixão não correspondida pelo seu melhor amigo. Para se ver livre dessa rejeição, ela tenta atrair sua alma gêmea para Viçosa e descobre que o grande amor de sua vida é uma pessoa que ela não suporta.


Romance relançado pela Editora Novo Conceito, Até Eu te Encontrar é um livro que eu quero ler há muito tempo. Sua autora, Graciela Mayrink, é parceira do blog há bastante tempo, mas eu não tive chance de ler sua obra na primeira impressão porque a mesma já estava esgotada. Posso dizer que a espera valeu a pena, uma vez que esse ano o livro foi relançado e eu pude resgatá-lo na bienal, a tempo de autografá-lo e levá-lo para casa em segurança.

Desde que a editora lançou a capa nas redes sociais, já não curti seu design. Sinceramente, não gosto do trabalho do capista que a fez e fiquei menos satisfeita ainda quando percebi que a Novo Conceito resolveu incluir spoiler nela - ok, a editora não considerou a revelação do misticismo na trama como spoiler, mas eu teria aproveitado mais a leitura se não soubesse desse detalhe.

Outra coisa que me deixou aterrorizada foi ter lido a orelha e a sinopse oficial do livro antes de ter lido a obra. Gente, o que foi aquilo? Ali foram reveladas informações que a autora só nos libera mais ou menos na metade da trama. Poxa, fiquei muito chateada com isso. Aos meus olhos de leitora crítica, a história se tornou bem mais previsível do que deveria por conta do detalhe. Porém, a edição teve pontos positivos, pois a revisão ficou impecável e a diagramação interna do livro ficou muito bonita e bem trabalhada.

Flávia tem dezoito anos e após o acidente de seus pais, vem morando com seus tios. Tendo passado para a UFV em Viçosa, ela deixa Lavras, sua cidade natal e parte rumo a uma nova vida de experiências novas e muito amadurecimento. Chegando a Viçosa, ela conhece o extrovertido Felipe, além de Sônia, sua vizinha que administra uma loja de produtos exotéricos e Lauren, vizinha de Felipe e estudante do Coluni. Buscando saber mais sobre o seu passado e quem eram seus pais, Flávia não imagina as surpresas que encontrará pelo caminho, incluindo uma nova paixão e um dom especial, até então não explorado.

Em terceira pessoa e sob diversas perspectivas, porém, com foco em Flávia, Graciela Mayrink narra o livro de forma envolvente e levemente descritiva. A autora soube equilibrar muito bem o tempo em sua história em meio a fatos corriqueiros, fazendo com que tudo acontecesse seguindo uma linha cronológica coerente, ao mesmo tempo me provocando uma identificação cada vez mais profunda com seu universo.

O realismo do livro me impressionou muito! A obra em si é tão real e crível que os personagens, cenário e a história em si parecem estar saltando das páginas durante a leitura. Até nas partes mais sobrenaturais, percebi que a autora optou por criar algo mais próximo tanto do mundo real, quanto do leitor, cumprindo muito bem seu objetivo e me fascinando completamente.

Só uma coisa que me incomodou no desenrolar da trama, que foi o romance, o qual achei que ficou predestinado demais, do tipo que aconteceu porque tinha que acontecer e pronto. Senti falta de uma química extra entre os dois personagens e de mais cenas com eles juntos, uma vez que não fiquei muito convencida do envolvimento de ambos.

Falando sobre os personagens, me encantei com a maturidade que Flávia apresentou durante o livro todo. Se você está cansado dos mimimis constantes das protagonistas dos YA's, esse é o livro que vai curar sua ressaca. Todas as dúvidas e incertezas da personagem estão relacionados a problemas racionais, nada de bobeirinhas como os corriqueiros "será que ele gosta de mim?" ou "vou perdê-lo pra fulana!". Pelo contrário, com ela, é tudo ou nada. Realmente, seu amor próprio me conquistou.

Os outros personagens também ficaram muito bem construídos, pude sentir a essência de cada um deles e seu espaço no nosso mundo real. Os que me cativaram mais foram Sônia e Lauren, duas amigas super presentes na vida de nossa protagonista. Até curti o Felipe, que apesar de algumas coisas, mostrou-se digno de carinho e menção.

Gostei muito da inclusão da cultura brasileira na história. É muito legal ler referências a nomes de grande valor nacional e curtir o bom gosto dos personagens que estão ali. Durante a leitura, pude até seguir umas indicações implícitas que a autora mixou com seus personagens e adorei o resultado.

Termino essa resenha indicando o livro para todas as idades. Apesar de ser um pouco mais maduro, Até Eu te Encontrar segue uma linha leve e atraente que será capaz de conquistar qualquer leitor, dos que curtem um bom romance, até os que gostam de se aventurar pelos sobrenaturais mais ousados. Não deixem de conferir essa parte do nosso tesouro nacional, pois vale a pena!


25/10/2013

Evento do Projeto Beletristas: Literatura ao Pé da Letra II



Oi, gente! Tudo bem com vocês?

Hoje trago mais uma cobertura de um evento organizado pelo Projeto Beletristas, mais uma vez mediado pela autora, freelancer e blogueira Camille Thomaz, além de contar com a presença das autoras Carolina Estrella (Garota Apaixonada em Apuros, Garota Apaixonada em Férias e Garota Pop) e Gabriela Rodriguez (Flor de Laranjeira).

O evento estava previsto para começar às 15h e como fui novamente com a Camille, cheguei bem mais cedo. Ao conseguir entrar na Casa de Leitura, ajudei-a a arrumar as coisas para que estivesse tudo certo no momento em que as autoras convidadas chegassem, uma vez que a Camille tinha combinado com elas um pouco mais cedo.

Dessa vez ficamos em outra sala do estabelecimento, mas o ambiente, apesar de ser bem simples, comportou todo o público que tinha de receber. A medida que as autoras foram chegando e o público batendo na porta, todo mundo se acomodou nas cadeiras espalhadas pelo espaço e o bate-papo começou.

A tarde que passei nesse evento foi simplesmente deliciosa. As autoras não só respondiam às perguntas preparadas pela mediadora do evento, como também compartilhavam suas experiências de vida e acabaram fazendo com que o bate-papo fosse agradável e - por quê não? - tivesse um tom de aproximação extra.

Enquanto as autoras apresentavam suas ideias ao público através das perguntas inteligentes que Camille fazia, aproveitei para tirar umas fotos (com a câmera da Camille, porque eu ainda não tenho a minha! Haha) do evento e separar alguns quotes das autoras para vocês conferirem como foi.





Gabriela Rodriguez:

"Os livros dão muita base para muita coisa da vida."

"Eu nem sabia que eu sabia escrever até os 15. Eu odiava redação, sempre me ferrava e tal."

"Eu me sinto a personagem, sabe? Eu tô ali, eu me coloco no lugar dele."









Carol Estrella:

"Eu aprendi a beijar com os livros."

"Eu me identifico, sabe? Às vezes, eu sonho com a história..."

"Gosto mais de conversar com adolescentes do que com gente mais velha."

"Profissionalmente, os livros me ajudaram muito a conhecer pessoas e viver novas experiências."





Foi muito bom poder conversar com as autoras e principalmente, brincar de fotógrafa por um dia. Depois do bate-papo, a Camille anunciou que quem quisesse, podia escolher um livro da mesa de brindes e levá-lo para casa, era só chegar e pegar. Tinham vários marcadores disponíveis para quem quisesse ao redor da mesa também, além de sorteios de kits especiais que rolaram para o público presente.

Nesse momento, o público se dispersou um pouco pelo movimento dos sorteios e acabamos conversando um pouco e descontraindo ainda mais.





Também gostei muito de poder rever pessoas queridas, como a fotógrafa Evany Bastos, a autora Graciela Mayrink (Até Eu Te Encontrar) e sua irmã gêmea, Flávia Mayrink, além da Camille (Imaginário Feminino e 582 Quilômetros), claro.

É com essa experiência que eu espero participar de outros eventos do Projeto Beletristas e deixo a vocês, leitores cariocas de plantão, essa dica. Mesmo que seja só pra dar um "olá", não deixem de comparecer aos eventos do projeto se tiverem oportunidade, vale muito a pena!


17/10/2013

Padrões



O que é certo ou errado na blogosfera? Existe algum tipo de lei ou constituição com tudo o que se deve ou pode fazer em um blog literário? Bem, eu não sei.

Nunca fui uma pessoa de seguir padrões. Já sofri muito na escola por virar para coleguinhas influentes e transformar seus sorrisos debochados em uma careta pela simples pronúncia de um "não". Não sou dessas garotas que curte avidamente uma night e beijar muitas bocas. De acordo com esse padrão, sou um tanto refreada. Essa minha característica de não querer ser influenciada pelo que dizem que deve ser feito me deu um trabalhão para ser desenvolvida e devidamente mantida, porque as pessoas simplesmente não aceitam isso com facilidade.

Recentemente, venho lendo posts no facebook, tweets e textos em blogs de blogueiras - não mencionarei nomes - aparentemente criticando o que se deve ou não fazer em um blog. Pera aí, então como blogueira, eu preciso seguir algum tipo de regra na hora de escolher o que eu vou postar para os meus leitores? Acho que não. Passei tanto tempo insistindo em ser diferente, em seguir as minhas regras pra uma pessoa chegar do nada e dizer que o meu blog só pode ter resenhas, lançamentos de livros e coberturas de eventos por ser literário? Não acho que seja assim que a coisa funcione.

Vou me abrir com vocês: não é todo dia que eu acordo com vontade de resenhar algum livro que eu li, os lançamentos que as editoras me mandam nem sempre me parecem interessantes o suficiente pra divulgar pra vocês e não compareço a eventos aqui no Rio o bastante para garantir coberturas semanais aqui no blog. Eu faço o que eu posso, na medida do possível e de acordo com a minha vontade.

Não criei o blog para ser uma obrigação, algo que me atrapalhasse nos estudos e exigisse demais de mim. Estou cansada de limitar o meu blog apenas a livros (não me entendam mal, sou apaixonada por eles) porque as pessoas acham que é o que eu tenho que fazer. Já repararam o quanto eu usei "as pessoas acham", "fulaninho disse", "não sei quem postou", só nessa postagem? Pois é, acontece que eu não gosto de seguir o que a sociedade acha que é certo ou errado. Eu sempre me considerei dona das minhas regras.

Páginas Encantadas nasceu com o objetivo de ser um blog no qual eu pudesse me expressar, mostrar as minhas paixões, expôr o que eu amo fazer. Eu amo ler, mas - bem que eu queria! - não devoro livros 24 horas por dia, 7 vezes na semana. Já falei de tantas páginas aqui, na maioria das vezes, páginas literárias. E as páginas da minha vida, como ficam?

Não quero mais saber de me conter aqui no blog. Cada dia vou postar algo diferente, trazer mais diversidade pra vocês. Fala sério, é muito chato (pelo menos ao meu ver) entrar em um blog e só ver resenha, resenha, release, resenha, release, publicidade. É claro que os livros vão continuar sendo o foco desse espaço, mas eu espero poder colocar mais cores nessa tela, se é que vocês me entendem.


13/10/2013

Páginas da vida: meu encanto pelo ballet.



Hoje é dia de dar respostas. Respostas a todos vocês, leitores, que vem notando a minha ausência constante no blog há algum tempo. Eu sei que por várias vezes venho me justificando, tentando seguir com o blog como se tudo estivesse normal e que prometi muito uma resposta, mas a questão é essa, o dia chegou.

Eu me considero uma pessoa multifacetada. Estou sempre envolvida em atividades que envolvam a arte, seja ela escrita, visual, musical ou em movimento. Tenho vários hobbies, sobre os quais falarei pra vocês aos poucos, mas o que mais me manteve fora do ar (em relação a tudo!) durante esses últimos meses foi o ballet.

Para quem não sabe, sou bailarina há três anos (desde 28 de abril de 2010) e desde pequena meu maior sonho era brilhar nos palcos internacionais, ainda que nessa idade eu não gostasse tanto de fazer as tão duras aulas da dança. Foi a trancos e barrancos que eu me mantive aluna do Espaço de Dança Larissa Amaro, um espaço de dança situado em Nova Iguaçu, município longe de onde eu moro. Meu desenvolvimento como bailarina foi um tanto quanto rápido e de uma hora pra outra, me descobri talentosa para tal. Com estímulo da minha professora, participei de concursos, fui premiada em diversas categorias e cheguei até a cogitar seguir carreira, mas este era um sonho alto demais para mim.

Ao que parece, meu esforço foi recompensado esse ano, quando já afastada há 7 meses de uma das minhas maiores paixões, minha professora entrou em contato com meus pais e me ofereceu a oportunidade de participar da primeira viagem internacional do grupo, rumo à Córdoba, na Argentina, com o objetivo de participar de um concurso internacional de dança bem conhecido, o Danzamérica.

É claro que eu fiquei felicíssima com a notícia, mas paguei um preço alto por ela. Tive que abrir mão de dez dias de aula, além de várias tardes de descanso, 80% da bienal e do meu tempo livre para com os livros e meus amigos, pois tinha a obrigação de comparecer aos ensaios em prol de realizar o meu sonho.



E depois de três meses de espera, sacrifícios, esforço e dedicação, o dia finalmente chegou. Em 30 de setembro às 6h25 da manhã, embarquei junto com um pequeno grupo de bailarinos para Buenos Aires, onde pegaria uma conexão para Córdoba, cidade onde o concurso aconteceria. Estávamos todos animados com a expectativa de conhecer um novo país e uma cultura diferente da nossa, fora a ânsia de participar de um concurso internacional pela primeira vez.

No primeiro dia, nos instalamos no hotel, tiramos um tempinho para passear na cidade à noite e curtir o friozinho de mais ou menos quinze graus que nos esperava por lá. Tivemos uma grande surpresa com a comida gordurosa que teríamos de ingerir no nosso dia-a-dia e com a moeda a qual teríamos de nos adaptar durante os próximos dez dias que nos aguardavam, o peso. Mas as surpresas começaram no nosso primeiro dia no concurso, dia 1 de outubro, quando tivemos de nos preparar para a primeira categoria que enfrentaríamos: o ballet clássico de repertório.



Eu confesso que não me saí nada bem nessa categoria por estar muito nervosa e pela coreografia ser a mais difícil que eu tinha ensaiado até o momento, mas acredito que errar bastante era tudo o que eu precisava para me sair melhor nos dias que se seguiram. Naquele dia, tivemos ensaio de manhã cedo e nossa professora foi fazer as nossas inscrições antes disso, no saguão do teatro. Foi legal porque pudemos dar uma passadinha no palco, conhecer o interior do estabelecimento e tal, antes de finalmente nos apresentarmos.

O frio dificultou bastante porque nossas articulações estavam doendo mais do que o normal, mas conseguimos nos aquecer e ir pra luta sem problemas. A única que teve esse acesso de nervosismo fui eu, mas independentemente disso, não conseguimos levar nenhum prêmio com as variações que levamos do ballet clássico de repertório, com exceção de muita experiência e aprendizado.



O segundo dia foi mil vezes melhor que o primeiro. Foi um pouco corrido para mim, que tive um espaço de apenas 5 coreografias para trocar o figurino e refazer a maquiagem, mas deu tudo mais certo do que no repertório. A modalidade que dançaríamos seria o ballet clássico livre e com ela, eu apresentaria um pas de deux (dança a dois) denominado Primeiro Amor e uma coreografia de grupo, chamada As Aranhas.

Com essas duas coreografias eu já estava bem segura, uma vez que estou acostumada a me apresentar com elas desde meados de 2011, o que me fez errar bem menos do que no dia anterior. Apesar de termos esquecido uma mãozinha aqui, um braço ali e um passinho acolá, tudo o que fizemos foi o suficiente para nos render duas menções honrosas (uma para cada coreografia) na premiação que foi realizada no dia 7 de outubro.

Tenho muitas outras fotos lindas do pas de deux aqui comigo, mas não vou postá-las por motivos de: respeito ao meu namorado ciumento, hahaha.



Acredito que o terceiro dia tenha sido o que mais me gerou expectativas durante todo o concurso. Como só eu e mais duas amigas apresentaríamos nossos solos do ballet neoclássico de repertório, que seria a modalidade do dia, foi tudo mais tranquilo e tivemos mais tempo para nos maquiar, ajeitar nossos figurinos e nos preparar para brilhar no palco. Eu estava radiante por poder dançar ballet com um penteado que não fosse o coque tradicional pela primeira vez, ao passo que minhas amigas estavam encantadas com seus figurinos.

Apesar de toda a pressão e a expectativa, ficamos muito mais seguras quando tivemos a oportunidade de experimentar nossas variações no palco enquanto as cortinas estavam fechadas. Como essa foi a minha primeira variação de repertório, eu já estava muito familiarizada com ela e só estava insegura quanto a alguns passos que exigiam mais da minha atenção, mas nada muito alarmante. Eu e minha amiga acabamos de perder a apresentação da nossa companheira (que assistimos em vídeo mais tarde), mas chegamos em tempo para nossa e tivemos o prazer de assistir a um magnífico grand pas de deux do repertório de Dom Quixote estrelado por Maria Clara Coelho e seu partner (do qual não me lembro o nome, infelizmente).

Momentos depois, saí do palco com a notícia de que eu tinha sido perfeita. Nem o nervosismo e a pressão me fizeram errar em minha variação mais querida de todas. Sai de lá feliz e pronta para acompanhar minha amiga, que vinha logo depois de mim e foi muito bem em sua apresentação. Infelizmente, tamanho êxito não foi páreo para a concorrência que nos aguardava e não conseguimos levar nada na categoria neoclássico de repertório. Mas o aprendizado por si só para uma próxima vez já foi suficiente para nós!



No quinto dia dancei novamente, dessa vez na categoria livre. Nosso grupo já estava um tanto estressado por conta da má alimentação, cansaço e pressão constante, então foi um dia bastante difícil tanto para mim, quanto para os outros bailarinos. Nosso grupo tinha recebido um "reforço" de pessoal que chegou dia 4 e no quinto dia, já contávamos com mais de quinze bailarinos no total. Tivemos marcação de palco durante a manhã, o que nos fez acordar mais cedo do que o normal e já começar o dia com gás para passar o dia inteiro no teatro.

No camarim, o estresse era constante. Eu estava com muita dor de cabeça, meu enfeite para dançar o trio tinha caído no chão e eu não conseguia achá-lo, a maquiagem só parecia ficar cada vez mais feia a cada tentativa que eu fazia... Tudo estava dando errado para mim. Mas acontece, certo? O que a gente não pode fazer nessas horas, é desistir. Entrei no palco meio desanimada e a minha apresentação não foi das melhores, mas mesmo que o trio Mudanças não tenha se saído tão bem quanto eu esperava, diferente do Bossa Nova, que não levou nada, saímos da premiação com uma menção honrosa.



E eu terminei meu saldo de dança no nono dia da competição, no qual a modalidade era o folclore e nós competimos com o Frevo Pernambucano. Eu já estava mais tranquila por já conhecer o palco e o que eu encontraria no concurso e isso me fez conseguir dar mais de mim durante a coreografia, o que infelizmente não me impediu de errar um pouquinho. Apesar dos pesares, mais tarde levamos o segundo prêmio para casa, merecido por toda a nossa dedicação e alegria ao representar uma parte da cultura brasileira.

E em termos de dança, foi isso! No décimo dia, estávamos arrumando as nossas malas para enfrentar nove horas de viagem. Nove horas, porque saímos do hotel às 14h para desembarcar do avião no Galeão pela meia-noite. É claro que a minha mala veio muito mais pesada, pois eu comprei muita coisa legal por lá, mas voltei com um sorriso no rosto e a sensação de realização que nunca senti na vida.

Só tenho a agradecer por todo mundo que me ajudou a concretizar esse sonho incrível pela experiência maravilhosa. Foi sensacional viver mesmo que por menos de duas semanas, o dia-a-dia de uma bailarina.