13/10/2013

Páginas da vida: meu encanto pelo ballet.



Hoje é dia de dar respostas. Respostas a todos vocês, leitores, que vem notando a minha ausência constante no blog há algum tempo. Eu sei que por várias vezes venho me justificando, tentando seguir com o blog como se tudo estivesse normal e que prometi muito uma resposta, mas a questão é essa, o dia chegou.

Eu me considero uma pessoa multifacetada. Estou sempre envolvida em atividades que envolvam a arte, seja ela escrita, visual, musical ou em movimento. Tenho vários hobbies, sobre os quais falarei pra vocês aos poucos, mas o que mais me manteve fora do ar (em relação a tudo!) durante esses últimos meses foi o ballet.

Para quem não sabe, sou bailarina há três anos (desde 28 de abril de 2010) e desde pequena meu maior sonho era brilhar nos palcos internacionais, ainda que nessa idade eu não gostasse tanto de fazer as tão duras aulas da dança. Foi a trancos e barrancos que eu me mantive aluna do Espaço de Dança Larissa Amaro, um espaço de dança situado em Nova Iguaçu, município longe de onde eu moro. Meu desenvolvimento como bailarina foi um tanto quanto rápido e de uma hora pra outra, me descobri talentosa para tal. Com estímulo da minha professora, participei de concursos, fui premiada em diversas categorias e cheguei até a cogitar seguir carreira, mas este era um sonho alto demais para mim.

Ao que parece, meu esforço foi recompensado esse ano, quando já afastada há 7 meses de uma das minhas maiores paixões, minha professora entrou em contato com meus pais e me ofereceu a oportunidade de participar da primeira viagem internacional do grupo, rumo à Córdoba, na Argentina, com o objetivo de participar de um concurso internacional de dança bem conhecido, o Danzamérica.

É claro que eu fiquei felicíssima com a notícia, mas paguei um preço alto por ela. Tive que abrir mão de dez dias de aula, além de várias tardes de descanso, 80% da bienal e do meu tempo livre para com os livros e meus amigos, pois tinha a obrigação de comparecer aos ensaios em prol de realizar o meu sonho.



E depois de três meses de espera, sacrifícios, esforço e dedicação, o dia finalmente chegou. Em 30 de setembro às 6h25 da manhã, embarquei junto com um pequeno grupo de bailarinos para Buenos Aires, onde pegaria uma conexão para Córdoba, cidade onde o concurso aconteceria. Estávamos todos animados com a expectativa de conhecer um novo país e uma cultura diferente da nossa, fora a ânsia de participar de um concurso internacional pela primeira vez.

No primeiro dia, nos instalamos no hotel, tiramos um tempinho para passear na cidade à noite e curtir o friozinho de mais ou menos quinze graus que nos esperava por lá. Tivemos uma grande surpresa com a comida gordurosa que teríamos de ingerir no nosso dia-a-dia e com a moeda a qual teríamos de nos adaptar durante os próximos dez dias que nos aguardavam, o peso. Mas as surpresas começaram no nosso primeiro dia no concurso, dia 1 de outubro, quando tivemos de nos preparar para a primeira categoria que enfrentaríamos: o ballet clássico de repertório.



Eu confesso que não me saí nada bem nessa categoria por estar muito nervosa e pela coreografia ser a mais difícil que eu tinha ensaiado até o momento, mas acredito que errar bastante era tudo o que eu precisava para me sair melhor nos dias que se seguiram. Naquele dia, tivemos ensaio de manhã cedo e nossa professora foi fazer as nossas inscrições antes disso, no saguão do teatro. Foi legal porque pudemos dar uma passadinha no palco, conhecer o interior do estabelecimento e tal, antes de finalmente nos apresentarmos.

O frio dificultou bastante porque nossas articulações estavam doendo mais do que o normal, mas conseguimos nos aquecer e ir pra luta sem problemas. A única que teve esse acesso de nervosismo fui eu, mas independentemente disso, não conseguimos levar nenhum prêmio com as variações que levamos do ballet clássico de repertório, com exceção de muita experiência e aprendizado.



O segundo dia foi mil vezes melhor que o primeiro. Foi um pouco corrido para mim, que tive um espaço de apenas 5 coreografias para trocar o figurino e refazer a maquiagem, mas deu tudo mais certo do que no repertório. A modalidade que dançaríamos seria o ballet clássico livre e com ela, eu apresentaria um pas de deux (dança a dois) denominado Primeiro Amor e uma coreografia de grupo, chamada As Aranhas.

Com essas duas coreografias eu já estava bem segura, uma vez que estou acostumada a me apresentar com elas desde meados de 2011, o que me fez errar bem menos do que no dia anterior. Apesar de termos esquecido uma mãozinha aqui, um braço ali e um passinho acolá, tudo o que fizemos foi o suficiente para nos render duas menções honrosas (uma para cada coreografia) na premiação que foi realizada no dia 7 de outubro.

Tenho muitas outras fotos lindas do pas de deux aqui comigo, mas não vou postá-las por motivos de: respeito ao meu namorado ciumento, hahaha.



Acredito que o terceiro dia tenha sido o que mais me gerou expectativas durante todo o concurso. Como só eu e mais duas amigas apresentaríamos nossos solos do ballet neoclássico de repertório, que seria a modalidade do dia, foi tudo mais tranquilo e tivemos mais tempo para nos maquiar, ajeitar nossos figurinos e nos preparar para brilhar no palco. Eu estava radiante por poder dançar ballet com um penteado que não fosse o coque tradicional pela primeira vez, ao passo que minhas amigas estavam encantadas com seus figurinos.

Apesar de toda a pressão e a expectativa, ficamos muito mais seguras quando tivemos a oportunidade de experimentar nossas variações no palco enquanto as cortinas estavam fechadas. Como essa foi a minha primeira variação de repertório, eu já estava muito familiarizada com ela e só estava insegura quanto a alguns passos que exigiam mais da minha atenção, mas nada muito alarmante. Eu e minha amiga acabamos de perder a apresentação da nossa companheira (que assistimos em vídeo mais tarde), mas chegamos em tempo para nossa e tivemos o prazer de assistir a um magnífico grand pas de deux do repertório de Dom Quixote estrelado por Maria Clara Coelho e seu partner (do qual não me lembro o nome, infelizmente).

Momentos depois, saí do palco com a notícia de que eu tinha sido perfeita. Nem o nervosismo e a pressão me fizeram errar em minha variação mais querida de todas. Sai de lá feliz e pronta para acompanhar minha amiga, que vinha logo depois de mim e foi muito bem em sua apresentação. Infelizmente, tamanho êxito não foi páreo para a concorrência que nos aguardava e não conseguimos levar nada na categoria neoclássico de repertório. Mas o aprendizado por si só para uma próxima vez já foi suficiente para nós!



No quinto dia dancei novamente, dessa vez na categoria livre. Nosso grupo já estava um tanto estressado por conta da má alimentação, cansaço e pressão constante, então foi um dia bastante difícil tanto para mim, quanto para os outros bailarinos. Nosso grupo tinha recebido um "reforço" de pessoal que chegou dia 4 e no quinto dia, já contávamos com mais de quinze bailarinos no total. Tivemos marcação de palco durante a manhã, o que nos fez acordar mais cedo do que o normal e já começar o dia com gás para passar o dia inteiro no teatro.

No camarim, o estresse era constante. Eu estava com muita dor de cabeça, meu enfeite para dançar o trio tinha caído no chão e eu não conseguia achá-lo, a maquiagem só parecia ficar cada vez mais feia a cada tentativa que eu fazia... Tudo estava dando errado para mim. Mas acontece, certo? O que a gente não pode fazer nessas horas, é desistir. Entrei no palco meio desanimada e a minha apresentação não foi das melhores, mas mesmo que o trio Mudanças não tenha se saído tão bem quanto eu esperava, diferente do Bossa Nova, que não levou nada, saímos da premiação com uma menção honrosa.



E eu terminei meu saldo de dança no nono dia da competição, no qual a modalidade era o folclore e nós competimos com o Frevo Pernambucano. Eu já estava mais tranquila por já conhecer o palco e o que eu encontraria no concurso e isso me fez conseguir dar mais de mim durante a coreografia, o que infelizmente não me impediu de errar um pouquinho. Apesar dos pesares, mais tarde levamos o segundo prêmio para casa, merecido por toda a nossa dedicação e alegria ao representar uma parte da cultura brasileira.

E em termos de dança, foi isso! No décimo dia, estávamos arrumando as nossas malas para enfrentar nove horas de viagem. Nove horas, porque saímos do hotel às 14h para desembarcar do avião no Galeão pela meia-noite. É claro que a minha mala veio muito mais pesada, pois eu comprei muita coisa legal por lá, mas voltei com um sorriso no rosto e a sensação de realização que nunca senti na vida.

Só tenho a agradecer por todo mundo que me ajudou a concretizar esse sonho incrível pela experiência maravilhosa. Foi sensacional viver mesmo que por menos de duas semanas, o dia-a-dia de uma bailarina.


6 comentários:

Comentários
6 Comentários
  1. Que linda <33 Eu amo ballet, fiz desde bem pequena, mas parei ):
    Sinto muita falta da dança!
    Parabéns, bjs

    http://blogvermelhovintage.blogspot.com

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    1. Oi!

      Obrigada! <3

      Poxa, tenta voltar! Eu fiquei afastada por 7 meses e senti muita falta mesmo, entendo o que você tá passando...

      Beijos,

      Natalia Leal

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  2. Que incrível hein, parabéns pelo sonho realizado, depois de tanta dedicação você mereceu. Que muitas outras conquistas venham, sucesso linda e nunca desista!

    http://devaneiosdeuma-adolescente.blogspot.com.br/

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  3. Ausência perdoada, pois foi por uma causa nobre <3
    Lindas fotos, linda bailarina :)
    E que venham mais oportunidades como esta!

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    1. Oi, Dilly!

      Eba! Hahahahaha <3

      Obrigada!

      Beijos,

      Natalia Leal

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