25/04/2014

[Resenha] O Lado Mais Sombrio



Autor: A.G Howard

Editora: Novo Conceito

Páginas: 304

Preço: 23,90 na Saraiva

Velocidade da leitura: Rápida - Média - Demorada

Ano: 2014











Sinopse: Alyssa Gardner ouve os pensamentos das plantas e animais. Por enquanto ela consegue esconder as alucinações, mas já conhece o seu destino: terminará num sanatório como sua mãe. A insanidade faz parte da família desde que a sua tataravó, Alice Liddell, falava a Lewis Carroll sobre os seus estranhos sonhos, inspirando-o a escrever o clássico Alice no País das Maravilhas. Mas talvez ela não seja louca. E talvez as histórias de Carroll não sejam tão fantasiosas quanto possam parecer. Para quebrar a maldição da loucura na família, Alyssa precisa entrar na toca do coelho e consertar alguns erros cometidos no País das Maravilhas, um lugar repleto de seres estranhos com intenções não reveladas. Alyssa leva consigo o seu amigo da vida real – o superprotetor Jeb –, mas, assim que a jornada começa, ela se vê dividida entre a sensatez deste e a magia perigosa e encantadora de Morfeu, o seu guia no País das Maravilhas. Ninguém é o que parece no País das Maravilhas. Nem mesmo Alyssa...


Apaixonada por Alice no País das Maravilhas como sou, não hesitei em retirar a minha cópia de O Lado Mais Sombrio da caixa e começar a devorá-lo. Já conhecia o livro das minhas raras andanças pelo Good Reads e fiquei bem surpresa ao saber que a Novo Conceito tinha comprado seus direitos para lançá-lo aqui no Brasil.

Uma vez aberto o livro, me encantei com seu trabalho gráfico e com a adaptação da capa americana. Na borda de cada página, podemos encontrar floreios e borboletas delicadíssimas, que dão um toque sutil ao livro. Curti bastante a tipografia utilizada (semelhante a de Starters) e não tive desgosto algum quanto a tradução, apenas desejando que a revisão fosse um pouquinho melhor, já que durante a leitura encontrei nomes trocados, assim como letras.

Dando prosseguimento, nesse livro conheci a história de Alyssa Gardner, uma adolescente não tão comum assim. Quer saber por que? Então vou te contar: é que desde os seus dez anos de idade, a menina é incomodada pelos assuntos dos insetos e plantas que a rodeiam. Como assim? Ela pode ouvir o que eles falam. Estranhou? Então se prepare, pois esse é o clima da história. Além de conservar o hábito esquisito de ouvir as conversas desses seres, Alyssa os cala espetando-os com alfinetes e usando-os em suas pinturas, que são recheadas de cadáveres secos de insetos e algumas plantas. Cada pintura representa um sonho ou dejá vu do qual Alyssa se recorda, mas não consegue descobrir o significado.

O que nos leva ao histórico sinistro de sua família acometida pela loucura desde que Alice Liddel, sua tataravó, se envolveu com Lewis Carroll, autor do famoso clássico Alice no País das Maravilhas. Por conta disso, Alyssa é excluída em seu escola e recebe provocações constantes de seus colegas de classe, que teimam em compará-la com sua parenta falecida. Tendo a mãe presa em uma clínica, a menina finge que não se importa com as provocações, mas secretamente teme ocupar o lugar da mãe no futuro. É enfrentando a loucura já conhecida pelas mulheres de sua família que ela acaba entrando pela toca do coelho e conhecendo o mundo de que tanto fugiu e ao mesmo tempo, a que sempre pertenceu, me jogando de cabeça nessa aventura.

De início, confesso que achei o desenrolar dos fatos bastante lento. Alyssa é uma personagem bastante exótica e A.G Howard não mede palavras ao aumentar essa sensação aos olhos treinados do leitor. Demorei um pouquinho para me acostumar com as estranhezas do livro, mas coloquei na cabeça que se tratava de uma pós de Alice no País das Maravilhas, onde "we're all mad here" e fui em frente. As primeiras páginas foram difíceis de virar e muitas pontas soltas são deixadas a cada cena, trazedo um feeling enorme de confusão com o qual eu tive dificuldade para lidar.

Além disso, considerei a narrativa da autora como coloquial e descritiva, o que não me ajudou a me situar nos fatos apresentados. Os personagens são malucos? Sim. Os cenários são totalmente doidos? Com certeza. Dessa forma, é preciso usar muito da imaginação para que tudo funcione e seja possível visualizar cada ato de Alyssa sem se perder. Como eu estava de cama enquanto lia, o que me facilitou foi que eu intercalava o sono com a leitura, então os sonhos malucos me possibilitaram visualizar o que eu estava lendo. Acredito que isso não aconteça com todo mundo, já que eu estava sob o efeito de remédios, então recomendo que se preparem para abrir a cabeça e engolir muita coisa esquisita.

Fora as esquisitices que permeiam toda a história e a tornam desafiadora e deliciosa, encontramos um triângulo amoroso bastante duvidoso, no qual é praticamente impossível escolher entre o mocinho e o suposto vilão. O que eu gostei foi que eu pude me sentir como Alyssa, dividida entre os dois rapazes e sem saber em qual deles confiar, tomando o mesmo destino que ela ao final da história, no qual todas as pontas são amarradas e podemos entender o que a autora realmente quis propôr. Todos os outros personagens são muito bem desenvolvidos e cada um possui o seu propósito, mas senti falta do destaque de um em especial: o Cheshire Cat. Meu queridinho em todos os aspectos, ele não foi tão explorado por estar aprisionado, o que espero que seja feito e revisto nas sequências que estão por vir.

Antes disso, também pude destacar várias cenas de ação inebriantes que me forçavam a ficar acordada e lutar contra a sonolência. É tão legal poder ver uma reprodução atual de um dos meus clássicos favoritos! E tudo ficou melhor ainda quando percebi que A.G Howard não teve medo de ousar e mexer com o material a sua disposição. Todos os recursos presentes na história original de Lewis Carroll foram corajosamente usados e adaptados ao curso da criação de Howard, trazendo ao leitor a recordação do clássico, temperado com a audácia da autora que o reproduziu.

Tenho que pontuar aqui que admiro muito a coragem da mesma, já que o País das Maravilhas é um mundo muito lúdico e por que não? Traiçoeiro. Tem que ter muita imaginação e punho de escritor para mexer com algo sólido e articulá-lo aos seus próprios propósitos. Esse desafio concluído por A.G Howard é uma das principais causas que me estimulam a continuar a ler a série e descobrir o que vem por aí. É isso mesmo, se vocês pensam que O Lado Mais Sombrio é um stand alone, estão muito enganados! Ao contrário do original, ele possui um conto anexo, sequência e ainda um terceiro livro a ser lançado. Estou muito ansiosa para conferir o que vem por aí e recomendo muito que tenham paciência com o livro introdutório, para que assim como eu, possam descobrir as maravilhas que A.G Howard soube escrever.


8 comentários:

Comentários
8 Comentários
  1. Devo começar a ler ainda essa semana. Só preciso mesmo terminar 3 livros: Battle Royale, Enfeitiçados pelo Desejo e Fuga de Furnace. Depois me envolvo com esse. Legal saber que A.G. utilizou tudo ao seu alcance para criar a personagem e o mundo.
    Beijos.

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    1. Oi, Babi!

      Leia mesmo, esse livro é ótimo!

      Desses três que você citou, só li Battle Royale e me senti muito mal depois. Ô livro pesado!

      Beijão,

      Natalia Leal

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  2. Já conhecia o título e a capa desse livro, mas nunca parei pra ler ao menos sua sinopse, e agora tô curiosa pra ler.

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    1. Oi, Monique!

      Leia, é incrível! <3

      Beijão,

      Natalia Leal

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  3. Esse começo lento poderia abalar minha leitura um pouco, mas é bom saber que no geral ele te surpreendeu.
    Com certeza já está na minha lista de leituras. <3

    Um beijo,
    Luara - Estante Vertical

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    1. Oi, Luara!

      Sei como é! Também não gosto de começos arrastados, mas nesse vale a pena insistir. ;)

      Beijão,

      Natalia Leal

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  4. Não conhecia esse livro, chamou minha atenção.
    Terminei o "Escolhida" da série House of nigth e voltei a ler "as vantagens de ser invisível" logo passarei para o garota exemplar.

    Kisu
    www.eraoutravez.com

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    1. Oi, Pam!

      Que bom que chamou a sua atenção! Caso leia, mande sua opinião pra cá \o/

      Esses dois eu já li e curti muito. Garota Exemplar é um livro que ainda chama a minha atenção. Boa leitura!

      Beijão,

      Natalia Leal

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