Autor: David Levithan
Editora: Galera Record
Páginas: 280
Preço: 15,75 na
Saraiva
Velocidade da leitura: Rápida - Média - Demorada
Ano: 2013
Sinopse: Neste novo romance, David Levithan leva a criatividade a outro patamar. Seu protagonista, A, acorda todo dia em um corpo diferente. Não importa o lugar, o gênero ou a personalidade, A precisa se adaptar ao novo corpo, mesmo que só por um dia. Depois de 16 anos vivendo assim, A já aprendeu a seguir as próprias regras: nunca interferir, nem se envolver. Até que uma manhã acorda no corpo de Justin e conhece sua namorada, Rhiannon. A partir desse momento, todas as suas prioridades mudam, e, conforme se envolvem mais, lutando para se reencontrar a cada 24 horas, A e Rhiannon precisam questionar tudo em nome do amor.
Demorei um pouquinho a ser convencida pelas minhas amigas de que comprar
Todo Dia valeria a pena, mas acabei incluindo-o em minha lista de desejados para o natal de 2013. Mesmo tendo o livro em minhas posses desde dezembro, foi só no carnaval de 2014 que eu decidi colocá-lo na minha lista de leituras para o feriado prolongado. Agora, venho por meio desta resenha contar tudo o que eu achei sobre o tão falado romance de
David Levithan.
A primeira impressão que tive do livro foi muito boa. Como já o queria desde que ainda não tinha sido traduzido e lançado no Brasil, as expectativas estavam consideravelmente altas. No momento em que fui conferir a diagramação então, meu coração deu pulinhos! A capa é igual a original e tem tudo a ver com a proposta da história, o que me estimulou ainda mais a visualizar a situação imposta pelo autor.
Cada capítulo do livro é um dia na vida do protagonista, o que achei muito interessante e coerente. O que me atrapalhou muito na leitura foram os vários erros de revisão e digitação que notei ao passar das páginas. A tradução ficou ok, apesar disso tudo.
Nossa história se desenrola sob a visão em primeira pessoa de A, um ser aparentemente desconhecido, que se desloca de corpo em corpo em um espaço de 24h, não deixando qualquer rastro de memória a respeito do dia em que viveu em seu hospedeiro após a troca. Entretanto, a memória de cada dia vivido permanece com A, qualquer seja o hospedeiro. E é durante uma dessas trocas que A (destituído de sexo) conhece Rhiannon, uma garota que esconde suas melhores qualidades na sombra do namorado, Jason.
Assim que se apossa do corpo do garoto, A não tem dúvidas de que seu coração pertence a Rhiannon. Dessa forma, ele (ou ela?) passa a tentar reencontrá-la durante suas viagens, mesmo sendo uma pessoa diferente todo dia.
Preciso falar mais alguma coisa depois dessa premissa? Mas é claro, para que vocês se convençam a ler esse livro maravilhoso, que conquistou o meu coração desde suas primeiras páginas. Em
Todo Dia,
David Levithan enreda seu leitor através do psicológico de um personagem destituído de um "eu", com uma profunda crise existencialista e ânsia por respostas a respeito de sua espécie. Mais do que apenas uma lição sobre a valorização da nossa personalidade, essa é uma obra que fala sobre o amor em todas as suas formas, sexos, culturas e valores. O que eu mais achei interessante foi a ideia que o autor colocou em seu livro, a importância que ele deu ao valor de que o amor deve ser sentido independente das qualidades físicas da pessoa.
Durante a leitura, não teve um dia em que eu não ficasse fascinada pela relação de A e Rhiannon, dadas as circunstâncias. Sendo ele gordo ou magro, mulher ou homem, inteligente ou burro, gangster ou nerd, a menina dava um jeito de aceitar a essência que estava dentro do corpo, emocionando e cativando o leitor a cada cena. Outra coisa que me manteve presa no livro foi a maneira única com que o escritor soube expôr e descrever suas cenas, me fazendo suspirar e torcer pelo casal principal a cada minuto do livro.
Cada personagem encontrado ao decorrer da história, mesmo os hospedeiros de A, são muito bem desenvolvidos e possuem o "eu" próprio, o que entra em contraste com o questionamento principal do protagonista e me fez refletir bastante. Ao representar cada um de seus hospedeiros, A nos mostra que cada pessoa é única, não importa o quanto tentemos dizer o contrário. Cada um tem seus problemas, rotinas diferentes, maneiras de pensar, agir e viver totalmente distintas, o que nos faz singular. Isso foi muito frisado durante todo o texto e eu me senti muito bem em me deparar com um quesito tão valorizado por mim, a personalidade, sendo elevado a esse ponto.
As cenas de romance são das mais fofas e você não vai querer perder toda a desmistificação do que seria uma personagem pura e virginal que ocorre quando conhecemos Rhiannon. Ela é insegura? É. É um tanto retraída? Digamos que sim. Mas isso não significa que ela seja uma personagem chata e sem valor, pelo contrário. Rhiannon forma o par perfeito com A, sendo os dois personagens interessantíssimos que me fizeram parar para pensar em diversos assuntos durante toda a leitura. Tá aí uma garota que se assume do jeito que é, mesmo tendo seus próprios problemas. Gostei muito do modo com que Levithan soube retratar isso em seu livro, achei muito inteligente da parte dele.
E esse é um adjetivo que não pode ser deixado de lado, inteligente. Sr. Levithan teve muita criatividade e perspicácia em toda a sua trama, não focando só no romance entre os adolescentes. Fiquei encantada com algumas particularidades que ele estabeleceu acerca do universo em que o personagem vive e suas limitações, tudo realmente original. O final do livro sugere um gancho para uma continuação, mas acho que não terá segundo livro, apesar de ter ficado curiosíssima e desejá-lo muito. É um romance que estimo muito e recomendo a todos!