Autor: Gabriela Rodriguez
Editora: Biblioteca 24 Horas
Páginas: 415
Preço: Interessados devem mandar um e-mail para a
autora.
Velocidade da leitura: Rápida -
Média - Demorada
Ano: 2011
Sinopse: Aos setenta anos de idade, uma mulher já cansada, volta à cidade que havia deixado dez anos atrás e em meio às ruínas de sua velha casa, relembra sua vida. Quando tinha onze anos seu coração foi partido de tal maneira que fez com que decidisse nunca mais se apaixonar. Porém vê seu mundo virar de cabeça pra baixo quando se muda para o Rio de Janeiro. Lá conforme os anos vão transcorrendo, em meio a uma adolescência um pouco conturbada, ela passa a viver relacionamentos vazios. No entanto, sem que tivesse percebido se envolvia cada vez mais com quem jamais pensou. Ela não sabia até quando resistiria a uma paixão que a arrastava cada vez mais fundo dentro de si. E quem era aquele homem que ela sonhava desde criança? Ele seria real ou apenas um sonho sem sentido?
Recebi a oportunidade de ler e resenhar o livro durante um evento do Projeto Beletristas. Já estava curiosa com relação a
Flor de Laranjeira, uma vez que a autora
Graciela Mayrink o elogiou bastante durante a palestra, dizendo que o livro era muito bom e valia a pena ser lido. Já com essa indicação, reservei um tempo para realizar sua leitura depois da viagem que fiz com minha academia de dança e não me arrependi.
Fiquei maravilhada com a capa e a diagramação do livro, que em minha opinião ficaram muito bem feitas. Cada capítulo exibe um desenho delicado de uma flor de laranjeira, que relembra ao leitor o propósito da história, uma vez que o mesmo é entendido. A revisão que a editora fez está péssima, mas é legal destacar que a autora já está revisando o livro novamente, em prol de melhorar isso em uma segunda edição. Para quem for ler a primeira edição, aviso que a revisora deixou passar não só erros de ortografia e digitação, como repetições de palavras, etc.
Ana Lúcia é uma mulher de 70 anos que, desgastada pelo tempo e por tudo o que passou, volta à sua cidade natal para relembrar sua vida. Logo quando pequena, sofreu um trauma emocional que lhe deixou a sequela de recusar-se a se apaixonar novamente, passando a viver relacionamentos vazios e sem importância, que terminavam antes que a mesma pudesse se apegar. Porém, como ninguém é de ferro, Ana Lúcia se apaixona e não consegue controlar as rédeas desse amor que está surgindo, ainda que tente. Será que ela vai conseguir? E essa recusa, o quanto poderá lhe custar? Isso é o que você confere lendo as páginas do romance de estréia de
Gabriela Rodriguez.
Me apaixonei pelo livro à leitura da primeira página. A escrita da Gabi é descritiva no ponto certo, nem demais, nem de menos. Durante a leitura, pude colocar dentro de Esperança como se realmente estivesse lá, gostei muito da sensação. E o legal disso é que dá pra imaginar um local fixo, sem mudar a visão. Ou seja, não importa o quanto Ana Lúcia viaje e saia do local, quando ela volta, é sempre a mesma coisa na cabeça do leitor, coisa que gostei muito. Além disso, a história tem um tom imenso de realidade. Não tem como não se identificar ou não imaginar com clareza tudo o que acontece com a protagonista sem parecer que ela pulou para fora das páginas, incrível.
Uma coisa que me incomodou um pouco foi a falta de avanço tecnológico ao decorrer da história. Como a vida inteira da personagem é narrada, é esperado que as tecnologias mudem, junto com o cenário (afinal, 60 anos são narrados aqui), o que não acontece. Um exemplo é: em sua adolescência, Ana Lúcia já possuía iPod e MSN, enquanto que na fase adulta, nada disso mudava, não ficava mais evoluído ou sequer desaparecia.
Um ponto que me deixou encantada com o livro em si foi a habilidade de Gabriela ao narrar a vida inteira de uma personagem e além dela, desenvolver e criar muito bem os personagens secundários. Aqui não tem essa da protagonista não ter família, amigos ou parentes. Podemos encontrar a descrição de todos eles, de uma forma muito convincente e crível, o que implica em uma história bem amarrada e não contraditória.
Falando sobre a protagonista: Ana Lúcia, eu te amo! Posso garantir que ela já tem um lugar guardado especialmente no meu coração de leitora. Ela é diferente de tudo o que eu já tinha visto. Precoce, inteligente, com sede de vida e... Infância! Me identifiquei com essa parte do livro, uma vez que me lembrou bastante da infância do meu pai. Então, vocês já podem imaginar o quanto anti-mimimi é a nossa personagem. É claro que ela tem seus problemas, mas não os infantiliza, como a maioria das adolescentes que encontramos nos livros.
Quanto à trama em si, é de tirar o fôlego. Não podemos esperar menos, já sabendo que o livro fala sobre a vida inteira da protagonista. O fato é que Ana Lúcia sofreu muitos traumas, passou por muita coisa e tem uma bagagem bem grande em suas costas. Devido a isso e ao modo com que Gabriela soube tocar em cada assunto, eu passei de uma emoção a outra em um estalo. É impossível não passar.
Me senti o livro todo como se a autora estivesse brincando com as minhas emoções, sinceramente. Em uma hora estava rindo, em outra, chorando ou até mesmo, fechando o livro e o empurrado para longe de mim. Esse também foi o motivo pelo qual demorei um pouco mais para terminar de ler o livro, já que eu precisei de um tempo para absorver cada coisa que acontecia. De qualquer modo, foi uma leitura memorável, ainda mais em primeira pessoa, estilo que gosto muito.
Enfim, apesar de a revisão não estar muito boa e Gabi ter que melhorar algumas coisas, recomendo muito a leitura desse livro. As editoras de plantão deveriam parar para olhar e analisar um original mais polido, porque essa história é do tipo que poderia virar mais um bestseller brasileiro. Fiquei muito feliz em terminar a leitura com a lembrança de que nossos autores nacionais tem mesmo muito a oferecer e merecem mais atenção dos nossos leitores. Então sim, leiam
Flor de Laranjeira. Este tomou um lugar entre os meus romances preferidos e é uma
ordem que vocês o devorem.