Autor: Stephen King
Editora: Suma de Letras
Páginas: 960
Preço: 55,09 no
Extra
Leitura: Rápida - Média - Demorada
Ano: 2012
Sinopse: Em um dia como outro qualquer em Chester’s Mill, no Maine, a pequena cidade é subitamente isolada do resto do mundo por um campo de força invisível. Aviões explodem quando tentam atravessá-lo e pessoas trabalhando em cidades vizinhas são separadas de suas famílias. Ninguém consegue entender o que é esta barreira, de onde ela veio e quando — ou se — ela irá desaparecer. Os moradores de Chester’s Mill percebem que terão de lutar por sua sobrevivência. Pessoas morrem, aparelhos eletrônicos entram em pane ao se aproximar da redoma e a situação fica ainda mais grave quando a cidade se vê exposta às graves consequências ecológicas da barreira. Para piorar a situação, James “Big Jim” Rennie, político dissimulado e um dos três membros do conselho executivo da cidade, usa a redoma como um meio de dominar a cidade. Enquanto isso, o veterano da guerra do Iraque, Dale Barbara, é reincorporado ao serviço militar e promovido à posição de coronel. Big Jim, insatisfeito com a perda de autoridade que tal manobra poderia significar, encoraja um sentimento local de pânico para aumentar seu poder de influência. O veterano se une a um grupo de moradores para manter a situação sob controle e impedir que o caos se instaure. Junto a ele estão a proprietária do jornal local, uma enfermeira, uma vereadora e três crianças destemidas. No entanto, Big Jim está disposto até a matar para continuar no poder, apoiado por seu filho, que guarda a sete chaves um segredo. Mas os efeitos da redoma e das manobras políticas de Jim Rennie não são as únicas preocupações dos habitantes. O isolamento expõe os medos e as ambições de cada um, até os sentimentos mais reprimidos. Assim, enquanto correm contra o pouco tempo que têm para descobrir a origem da redoma e uma forma de desfazê-la, ainda terão de combater a crueldade humana em sua forma mais primitiva.
O primeiro contato que eu tive com
Sob a Redoma foi através do facebook. A
Suma de Letras estava anunciando seu novo lançamento e me deixou assustada com o preço inicial: 79,90. Realmente, uma facada daquelas. Porém, não posso deixar de pontuar que fiquei muito curiosa para saber a razão do livro ser tão caro. Logo passei o olho para ver quem era o autor, Stephen King. Já sabia que os livros dele costumavam ter um preço bem salgado, então apenas me conformei, achando que não leria o livro em um futuro tão próximo. Pois é, me enganei feio. Acontece que um tempo depois, o Submarino lançou uma promoção imperdível, a qual cortava o preço do livro pela metade e eu não perdi a oportunidade de adquirí-lo.
Assim que o recebi, já tinha adiantado que só o leria depois que estivesse oficialmente de férias, pois o livro é enorme e tentador, o que me atrapalharia bastante durante o último período de provas. No momento em que soube que estava aprovada e já podia degustar das minhas férias, iniciei a leitura.
O livro é belíssimo, a
Suma de Letras fez um ótimo trabalho com a capa dele, a paisagem é linda e ainda ilustra um dos acidentes que acontecem no livro. Me encantei com a revisão e tradução, sério mesmo. A editora está de parabéns por não ter poupado o uso dos palavrões na tradução, que foram estritamente necessários para que certas reações dos personagens fossem reais. Já a revisão, ficou impecável. Me impressionei por não ter achado muitos errinhos durante a leitura, já que o livro é muito grande.
Nossa história começa quando em 21 de outubro às 11:30 da manhã, sem mais nem menos, uma redoma cai sobre os limites da cidade de Chester's Mill. Quem estava fora da cidade no momento em que a redoma caiu, não entra. Quem estava do lado de dentro, não sai mais. E quem ficou na divisa da cidade... É cortado ao meio, literalmente. É assim que crianças ficam órfãs, maridos se separam de esposas e pais são afastados de seus filhos.
De início, vários acidentes acontecem, pois as pessoas não estão preparadas para lidar com a superfície aparentemente inquebrável que separa sua cidade do resto do mundo. Mas conforme o tempo vai passando e o desespero toma conta daqueles que estão ali dentro, autoridades são chamadas e cientistas começam a pesquisar para saber com o que os moradores de Chester's Mill estão lidando. Seria uma manobra do governo? Um ataque extraterrestre? Punição divina? Ninguém sabe.
Tudo seria fácil se as pessoas não fossem humanas. O problema seria apenas a redoma, todos poderiam se juntar em prol de arranjar uma solução, tentar acalmar uns aos outros e se unir para que tudo ficasse bem. Mas é claro que o livro não teria graça se isso acontecesse, e o autor sabe disso. Durante toda a história, ele procura explorar o lado mais obscuro do psicológico humano. Medos profundos são revelados, defeitos e temores há muito escondidos, são postos para fora, rivalidades são lembradas. Agora é cada um por si, todos têm sua própria sobrevivência para garantir.
Em meio a tudo isso, conhecemos Dale Barbara, um forasteiro que se encontra ávido para sair da cidade. É claro que sua sorte não é lá das melhores, pois a redoma cai e ele ainda não conseguiu ultrapassar os limites de Mill. Além de estar preso à cidade, sua situação é mais complicada por ele ter se envolvido em uma briga com o filho do segundo vereador - algumas cidades por serem pequenas não possuem prefeitos e sim, três vereadores que são encarregados de regê-las de acordo com o que o poder de suas posições permite, como no caso de Chester's Mill - e alguns outros rapazes conhecidos por causar encrenca na cidade.
É claro que Barbara não é o único personagem que conhecemos, King nos apresenta mais de quinze personagens durante a leitura em seu devido tempo, de modo que não conseguimos esquecer a história de nenhum deles. Todos eles tem seus medos, ambições e passado cuidadosamente definidos, com características fortes e facilmente memoráveis. Me apeguei especialmente a Big Jim Rennie, Julia Shumway, Alice Appleton, Aidan Appleton, Rusty Everett e família, Brenda Perkins, Jackie Wettington, Sammy Bushey e Dale Barbara.
Falando em personagens, não posso deixar de destacar aqui o que mais tive prazer de gostar e odiar, Big Jim Rennie.
Stephen King conseguiu criar no universo de
Sob a Redoma, sem dúvida, o maior vilão de todos os tempos. Big Jim é totalmente sádico, um perturbado de primeira, mas me conquistou como nenhum vilão fazia há tempos. Ele é o segundo vereador de Mill, porém, manipula frequentemente as decisões do primeiro vereador e subestima completamente as posições da terceira vereadora da cidade.
A corrupção política é nítida ao decorrer do livro, você chega a sentir pena dos habitantes de Mill não por conta da redoma, mas por ter de lidar com o tipo de gente presente na cidade. A população se mostra com a mesma função de uma marionete nas mãos de Rennie. Suas ações são totalmente odiosas, mas você percebe que ele não é mau. Ele acha que está fazendo bem para cidade à sua maneira. É com essas e outras que King destaca outra mensagem para o leitor: o ser humano não é totalmente mau, ele acha que está fazendo bondade à sua maneira egoísta, sem pensar nas necessidades dos outros.
E os efeitos que a redoma causa não afetam apenas a sociedade, como o clima da região. Até mesmo em cidades pequenas a poluição é observável e Chester's Mill não é excluída disso. Com o tempo, gases poluentes vão se acumulando na redoma, tornando o ar ruim para se respirar.
King não poupa detalhes a respeito do sofrimento da população. Sua narrativa é descritiva, mas não cansa o leitor. O suspense está sempre presente nas páginas de
Sob a Redoma e quando você acha que finalmente vai ter um tempinho para fazer outra coisa que não ler o livro, o autor descreve algum acontecimento que te arrebata de volta à leitura.
Os detalhes técnicos que o livro possui são incríveis. Eu sinceramente, não imagino como King conseguiu escrever aquilo tudo. Ele é simplesmente impecável, um mestre na arte de escrever. Encontramos aqui detalhes médicos, jornalísticos, meteorológicos e policiais. Meus olhos se arregalavam a cada informação nova que eu lia, juro.
Se vocês, leitores amigos, não tem estômago o suficiente para muita ação, muitas mortes e uma dose extrema de realidade, nem cheguem perto desse livro. Mas se você quiser ser arrebatado e teletransportado por
Stephen King, mergulhe de cabeça em
Sob a Redoma, pois não vai se arrepender. Recomendo MUITO, pois foi com certeza, o melhor livro que eu já li em toda a minha vida.